Dizem que o segundo lugar, é o primeiro que perde. Não sei quem foi o campeão daquele rodeio de Guaraçaí, interior de São Paulo, mas sei quem foi o segundo lugar, e ele não passa nem perto de ser um perdedor. Aquela garoto de dezoito anos era Edevaldo Ferreira, ganhava seu primeiro prêmio em dinheiro da carreira, R$2.000,00 reais, pela segunda colocação, e talvez tenha até passado despercebido, porém, a história revelou que começava ali a carreira de um campeão milionário.
Hoje aos 41 anos de idade Edevaldo Ferreira continua fazendo história. Se tornou o primeiro competidor a vencer a primeira edição do campeonato ACR/BGB Super Cup, no último final de semana em Ibirarema
“Quando surgiu o campeonato, eu não pensava na camionete, eu pensava apenas em ser o primeiro campeão da ACR” Explica Edevaldo “Esse era meu objetivo”

A ACR – Associação dos Campeões de Rodeio, criada por ele mesmo e seus amigos competidores no ano de 2015, até então não tinha o formato de campeonato.
E para fazer mais história ainda, além da camionete Hilux, zero KM, avaliada em 275 mil reais, ele ganhou também a etapa final faturando um MOBI zero km, avaliando em 75 mil reais, ou seja, em um único final de semana dois automóveis e 350 mil reais em prêmios.
Venceu o quinto campeonato brasileiro na carreira, sendo o único competidor com cinco títulos nacionais em quatro campeonatos diferente (PBR Brasil, LNR, Top Team Cup e ACR). Totalizando agora oito carros, três camionetes, dezenove motos e quatro milhões em prêmios.

“Eu sempre sonhei em ser um bom peão, o começo era muito difícil, eu morava em Andradina, interior de São Paulo, tinha 17 anos, não conseguia montar nos rodeios, só com 18 deixavam, e mesmo assim eu não saia de um raio de 100km de minha casa” Explica Edevaldo “Não imaginava que um dia seria cotado por muitos como melhor peão do Brasil, isso é motivo de alegria”
A vida de um campeão, é o resultado da dedicação, e Edevaldo é um dos mais dedicados, do esporte, treina muito, antes da final em Ibirarema, treinou montou em quatro touros durante a semana, já que, na semifinal em Oriente ele caiu de dois touros.
“Eu preciso montar em touros toda semana, o treino traz confiança, principalmente quando você cai no rodeio, você treina, para nos touros e a confiança volta, um competidor sem confiança, ele já entra em desvantagem contra o touro, por isso eu treino tanto” Explica “Eu não penso em parar, já planejei outras vezes, pensei que com 35 anos eu pararia, mas isso vai ter o momento, eu sei que hoje, tudo é fisicamente mais difícil uma lesão demora mais a sarar, ela pode aparecer com mais facilidade, por outro lado, montar em touro se tornou mais fácil para eu, já que a experiência ajuda muito.
Nessa temporada Edevaldo venceu sete etapas, Ibirarema (SP), Umuarama (SP), Arthur Nogueira (SP), Limeira do Oeste (MG), Ipuã (SP), Rio Verde (GO) e Tapejara (PR).
Com o surgimento e crescimento da ACR, não é só enfrentar os touros. Edevaldo passa os dias, montando lista, negociando etapas, convencendo competidores a se deslocar para essa ou aquela etapa, tem uma rotina dura nos horários que poderiam ser de descanso e concentração, administrando bastidores.
“É uma jornada grande e intensa de trabalho o ano todo e, com a ACR, eu não posso pensar só em mim, só em parar em meu touro, tenho que torcer para todos irem bem, para podermos fechar contratos para o próximo ano” Disse “Então se eu fosse só competidor, seria muito mais fácil, porém, tem ‘um todo’ envolvido”
A verdade é que todos nós estamos diante de um campeão que será lembrado como um dos mais constantes e vencedor de todos os tempos. Edevaldo Ferreira, que monta em touros a 23 anos, sempre ganhando título importantes, superando todos os recordes. Porém, sem engana que ele aceita cair de touros.
“Eu só sei montar em touros, eu estou a vinte e três anos fazendo isso, então eu não aceito, fico bravo, volto ao normal, mas logo vou treinar pra poder melhorar, tenho que vencer, e a vitória vem com dedicação” Explica Edevaldo
Ele chega a passar vinte, até trinta dias longe de casa e da esposa.
“Minha esposa me conheceu eu já viajando, quando mudei para Taubaté (SP), no vale do Paraíba, onde mora a família dela, fica muito difícil eu ir e voltar toda semana, então tem essa parte, de ficar longe da família, as vezes as crianças sentem falta, choram, quando a gente sai de casa e isso é muito duro, por outro lado sei que estou fazendo tudo isso por eles” Explica sobre a distância da família “Ter todos eles lá comigo em Ibirarema na hora dessas conquistas, confirma que todos o esforço valeu a pena e ter todos lá, juntos, foi mais do que especial”
“Eu acredito que a ACR me fez sem mais competitivo, muitos me cobram sobre parar, eu já fiz planos e, acredito que o dia, só eu vou saber, não há como prever isso, vou continuar me dedicando para poder fazer bonito da próxima temporada e lutar pelo segundo título da ACR, que é algo muito importante para minha carreira, estou lisonjeado de ser o primeiro cara a ganhar essa fivela”
CAMPEÕES ETAPA FINAL IBIRAREMA
Edevaldo Ferreira (Um carro zero km)
Melhor Boiada – Cia Gutt Bulls com 44,36 pontos
Melhor touro: Maroquinha (Cia Califórnia) e Highlander (Neto e Cassio) com 45,38 pontos.
CAMPEÕES TEMPORADA ACR/BGB SUPER CUP
Edevaldo Ferreira (Uma Hilux Zero Km)
Melhor boiada: Cia Gutt Bulls
Melhor touro: Maroquinha, Cia Califórnia.
Por Eugênio José – MTB: 67.231/SP