O rodeio é um esporte, uma tradição de décadas, milhares de pessoas, passaram por ele, fizeram parte da história, porém, poucas tiveram a capacidade de ter o nome eternizado, marcado, conhecido por todos, por ter feito de sua época um legado, inclusive seguido pela própria família.
Hoje vamos conhecer a história da Cia Neto Oger, uma boiada que tinha os touros respeitados pelos competidores, almejados pelas comissões de festas de todo o Brasil e, querido pelos fãs. Resultado de um trabalho bem feito por Neto, mais de uma vez.
Claro que, essa história começou quando o Filho de Pecuarista, José Oger Neto se arriscava em cima dos touros em rodeios amadores, e escondido dos pais, isso por volta de 1984 e, segundo ele foi “carreira curta”, pouco tempo dos 14 aos 18 anos de idade, mesmo assim, já pintava ali o primeiro negócio, esses bois que ele montava já foram vendidos para a Cia São Francisco.
Alguns anos mais tarde, em meados de 1988 a 1990, Neto Oger começou a mexer novamente com touros de rodeio, com a intenção de montar uma boiada de animais de pulo.
Fazer, treinar touros de rodeio, se tornou uma especialidade para Neto Oger, ele sempre foi bom nisso.
“Fazer touro é difícil, é desafiador” explica sobre a sensação de fazer um touro, e claro, ele sempre fez isso com excelência.
Já no ano de 1991, um dos seus principais touros de destaque, “Maradona” protagonizou uma matéria no Globo Repórter, no rodeio de São José do Rio Preto, já mostrando sua qualidade em fazer animais para todo o Brasil.
Em 1993, a boiada estreou em Barretos, com touros como “Caiçara” e daí em diante a carreira de sucesso dos touros de pulos e de negociações bem sucedidas, fizeram parte da vida de Neto Oger e, da história do rodeio brasileiro
Já na primeira vez em Barretos, veio o título de melhor boiada, que se repetiu por cinco vezes (1993, 1998, 2005, 2006 e 2007)
No ano de 1993, a boiada tinha alguns touros famosos como Caiçara, Tiradentes, Prateado, Tobogá, Para-raio, Tico Tico.
Em 1994, toda a boiada, incluindo os nomes acima citados foram vendidos em uma negociação histórica para a Cia Verde e Amarelo do, Valtinho Pereira, por 186 mil dólares, na época era equivalente a duas mil bezerras.
Parar? Jamais!
“Eu ficava mais ou mesmo dois anos fora do mercado, e voltava com uma nova boiada de destaque” Lembra Neto
Em 1997, outra boiada de destaque, com animais como Kadet, que deu campeão em Barretos no ano de 1998, essa boiada foi negociada com a Cia Felipão.
“Eu fazia sim algumas compras, porém, o negócio era experimentar bois de cruzamento industrial, descobrir o touro de pulos, no meio de uma boiada de corte, essa parte era mais difícil, mas era a mais prazerosa, fazer o touro do zero, e creio que essa foi uma das minhas especialidades”
Depois de mais uma pausa, em 2001, veio outra boiada de destaque com animais como Raio Laser, Relíquia do Patrão e Bandido.
Sim, o touro mais famoso do rodeio brasileiro passou pela mão de Nego Oger. Os registros mostram essa boiada evidência nos rodeios promovidos pela Toyota, inclusive aquela cena impactante de “Bandido” jogando o Neylovan Tomazeli para o alto, aconteceu quando o touro ainda era de Neto Oger.
Em 2003 marcou mais uma volta de Neto Oger com uma grande boiada. Com animais como o renomado touro “Impacto”, um animal com apenas uma parada, essa boiada, deu três títulos em Barretos para Neto Oger. Nela tinha também “Praieiro”, outro touro de destaque. “Delegado” que deu campeão em Barretos em 2006. Uma das compras dessa boiada foi “Fantasma” havia dado campeão em Barretos em 2003 e foi um touro de espetáculo.
Essa boiada foi também uma das negociações mais caras do rodeio, vendida para a Cia 3B do Bentinho no final de 2007.
Essa sempre foi a qualidade de Neto Oger, garimpar touros, e ter sem suas mãos uma boiada para estar sempre entre as melhores do Brasil, e atender qualquer rodeio e campeonato de renome.
Sua especialidade me fazer touros se traduziu em fama, tendo a boiada em destaque como nessa matéria onde seus touros foram capa de revista[/caption]
Dessa vez, Neto Oger tinha a intenção de parar, deu até certo por um tempo. Porém em 2014, voltou em uma sociedade com Fernando Alves, onde venceram o campeonato da Ekip Rozeta, em 2014.
Em 2015, uma nova sociedade com Daniel da Cia 2D e, essa foi a ultima boiada.
Neto Oger ganhou o “Oscar” do rodeio brasileiro, o Troféu Arena de Ouro, como melhor boiada do Brasil suas vezes.
Ganhou dois títulos de melhor touro, no Top Team Cup, o melhor campeonato que o Brasil já teve, com “Impacto” e “Praieiro” e ainda ganhou mais dois títulos de melhor boiada no mesmo campeonato.
Parar com a boiada não significou parar com o rodeio, sua experiência com touros de pulo, ou pulo de touros, levou ela a ser juiz de rodeio.
“Sempre fui interessado e curioso, já havia feito alguns congressos, e sabia das dificuldades que os touros impunham sobre os competidores e sabia como era difícil par ao competidor suportar esses pulos, essa minha experiência com animais de pulo me ajudou a interpretar bem os critérios de julgamento”
Logo Neto Oger, se tornou um dos melhores juízes do Brasil, e no seu currículo no julgamento, O Rodeio Internacional de Barretos, Rio Verde, Americana, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Final da Liga Nacional de Rodeio, Final do Circuito Rancho Primavera, Final da Ekip Rozeta, entre tantos outros eventos e campeonatos.
O legado de fazer boiada também ficou, seu filho João Oger, é hoje um excelente produtor de animais de pulo, com vários animais negociados com grandes Cia de Rodeio, além de diversos títulos em competições de genética.
“Não foi surpresa para mim, pois a primeira palavra que ele falou foi “boi’ então sabia que ele seguiria esse caminho” Explica Neto Oger
Sobre competidores ele se diz fã de um dos caras mais fenômenos do rodeio brasileiro.
“Sou fã do Juraci da Silva, o Doidinho, ele era um competidor “duro”, e honesto em cima de um touro” Explica neto “Gostava muito também do Fabiano Vieira.
Entre tantas glórias e sucesso com os animais, tem também os momentos tristes, de perdas.
“Acredito que a do Impacto foi a mais dolorosa, por ser um touro duríssimo, doeu bastante” Explica Neto “Teve também o Lacta que covardemente foi morto por ladrões que o abateram para consumo”
“Eu andei o Brasil inteiro atrás de animais, eu conheci pessoas, eu ganhei e dividi experiência e eu consegui o auge de um tropeiro, dono de boiada, que é ganhar Barretos, posso dizer que minha vida foi abençoada e tenho orgulho de dizer para meus filhos e netos que marquei meu nome na história do rodeio Brasileiro” Finaliza Neto Oger que hoje mora dos EUA.
Por Eugênio José – MTB: 67.231/SP
contato@eugeniojose.com.br